domingo, 16 de novembro de 2008

Arte brasileira no período romântico

Apesar da produção literária ser predominantemente romântica, vive-se no país neste período um grande incentivo ao academicismo e ao neoclassicismo. O neoclássico é o estilo oficial do Império recém-proclamado e o grande centro das artes no país é a Escola Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, lar do neoclassicismo no Brasil, sob influência direta da Missão francesa trazida pelo Príncipe-Regente D. João VI.
Principais características: subjetivismo, evasão, erotismo, senso de mistério e religiosidade.

Principais romancistas românticos brasileiros

Romantismo no Brasil

De acordo com o tema principal, os romances românticos no Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos ou regionalistas.
Romance indianista O índio era o foco da literatura, pois era considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. Junto com tudo isso, o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos romances excelentes documentos históricos.
Romance urbano Os temas desenvolvidos tratam da vida na capital e relatam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, cujos membros se identificavam com os personagens. Os romances faziam sempre uma crítica à sociedade através de situações corriqueiras, como o casamento por interesse ou a ascensão social a qualquer preço.
Romance regionalista Propunha uma construção de texto que valorizasse as diferenças étnicas, lingüísticas, sociais e culturais que afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma nação. Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a forma de vida e individualidade da população de cada parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar suas condições de vida.


1º Geração (Nacionalista–indianista)

Voltada para a natureza, regressa ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto Alegre.
Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do Romantismo no Brasil. Obras: Suspiros Poéticos e Saudades.
Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: Canção do exílio, I-Juca-Pirama.
Araújo Porto Alegre fundou com os outros dois, a Revista Niterói-Brasiliense
Principais características:
Nacionalista Ufanista
Indianista
Subjetivismo
Religioso
Brasileirismo (linguagem)
Evasão do tempo e espaço
Nacionalismo
Egocentrismo
Individualismo
Sofrimento amoroso
Exaltação da liberdade
Expressao de estados de alma, emoções
Sentimentalismo


2º Geração (Mal do Século)

Essa geração, também conhecida como Byroniana e Ultra-Romantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicuréia destinada a repetir no Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: Pálida à Luz, Soneto, Lembranças de Morrer, Noite na Taverna
Casimiro de Abreu. Obras: As Primaveras. Poemas: Poesia e amor, etc.
Fagundes Varela: Embora byroniano, a poesia dele já apresentava algumas características da 3º geração do romantismo.
Junqueira Freire - Com estilo dividido entre a homossexualidade e a heterossexualidade, demonstrava as idiossincrasias da religião católica do século XIX.
Principais características:
Profundo subjetivismo
Egocentrismo
Individualismo
Evasão na morte
Saudosismo (lamentação)- Casimiro de Abreu
Pessimismo
Sentimento de angustia
Sofrimento amoroso
Desespero
Amor Erótico sensual


3º Geração (Condoreira)

Conhecida também como Condoreira, simbolizado pelo Condor, uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos, ou Hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do social.
Apresenta linguagem declamatória e vem carregada de figuras de linguagem.
Sentimento Social Liberal e Abolicionista.
Apresenta como principais autores Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto.
Castro Alves: Denominado "Poeta dos Escravos", o mais expressivo representante dessa geração. Obras: Espumas Flutuantes, Navio Negreiro.
Essas três gerações citadas acima, apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil, não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos - indianista, urbano ou regional - que aconteceram todos simultaneamente.

Romantismo em Portugal

Marcos
Teve como marco inicial a publicação do poema "Camões", de Almeida Garrett, em 1825, e durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865 com a Questão Coimbrã.

As Gerações e seus principais autores:

Primeira Geração (1825 a 1840)
Almeida Garrett
Alexandre Herculano
Antônio Feliciano de Castilho

Segunda Geração (Ultra-Romantismo) (1840 e 1860)
Camilo Castelo Branco
Soares de Passos

Terceira Geração (Pré-Realismo) (1860 a 1870+-)
Júlio Dinis
João de Deus

Romantismo na Música

As primeiras evidências do romantismo na música aparecem com Beethoven. Suas sinfonias, a partir da terceira, revelam uma música com temática profundamente pessoal e interiorizada, assim como algumas de suas sonatas para piano também, entre as quais é possível citar a Sonata Patética. Outros compositores como Chopin, Tchaikovsky, Felix Mendelssohn, Liszt, Grieg e Brahms levaram ainda mais adiante o ideal romântico de Beethoven, deixando o rigor formal do Classicismo para escreverem músicas mais de acordo com suas emoções.
Na ópera, os compositores mais notados foram
Verdi, que procurou escrever óperas, em sua maioria, com conteúdo épico ou patriótico - entre as quais as óperas Nabucco, I Vespri Sicilianni, I Lombardi nella Prima Crociata - embora tenha escrito também algumas óperas baseadas em histórias de amor como La Traviata; e também Wagner, que enfocava histórias mitológicas germânicas, caso da Tetralogia do Anel dos Nibelungos e outras óperas como Tristão e Isolda e O Holandês Voador, ou sagas medievais como Tannhäuser, Lohengrin e Parsifal. Ainda mais tarde na Itália o romantismo na ópera se desenvolveria ainda mais com Puccini.

Romantismo na Literatura

O Romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o mecenato aristocrático pelo editor, precisando assim cativar um público leitor. Esse público estará entre os pequenos burgueses, que não estavam ligados aos valores literários clássicos e, por isso, apreciariam mais a emoção do que a sutileza das formas do período anterior.
A história do Romantismo literário é bastante controversa.
Em primeiro lugar, as manifestações em poesia e prosa popular na Inglaterra são os primeiros antecedentes, embora sejam consideradas "pré-românticas" em sentido lato. Os autores ingleses mais conhecidos desse Pré-Romantismo "extra-oficial" são
William Blake (cujo misticismo latente em The Marriage of Heaven and Hell - O Casamento do Céu e Inferno, 1793 atravessará o Romantismo até o Simbolismo) e Edward Young (cujos Nights Thoughts - Pensamentos Noturnos, 1742, re-editados por Blake em 1795, influenciarão o Ultra-Romantismo), ao lado de James Thomson, William Cowper e Robert Burns. O Romantismo "oficial" é reconhecido nas figuras de Coleridge e Wordsworth (Lyrical Ballads - Baladas Líricas, 1798), fundadores; Byron (Childe Harold's Pilgrimage, Peregrinação de Childe Harold, 1818), Shelley (Hymn to Intellectual Beauty - Hino à Beleza Intelectual, 1817) e Keats (Endymion, 1817), após o Romantismo de Jena.
Em segundo lugar, os alemães procuraram renovar sua literatura através do retorno à natureza e à essência humana, com assídua recorrência ao "Pré-Romantismo extra-oficial" da Inglaterra. Esses escritores alemães formaram o movimento
Sturm und Drang (tempestade e ímpeto), donde surge então, mergulhado no Sentimentalismo, o Pré-Romantismo "oficial", i.e., conforme as convenções historiográficas. Goethe (Die Leiden des Jungen Werther - O Sofrimento do Jovem Werther, 1774), Schiller (An die Freude - Ode à Alegria, 1785) e Herder (Auszug aus einem Briefwechsel über Ossian und die Lieder alter Völker - Extrato da correspondência sobre Ossian e as canções dos povos antigos, 1773) formam a Tríade. Alguns jovens alemães, como Schegel e Novalis, com novos ideais artísticos, afirmam que a literatura, enquanto arte literária, precisa expressar não só o sentimento como também o pensamento, fundidos na ironia e na auto-reflexão. Era o Romantismo de Jena, o único Romantismo autêntico em nível internacional.
Em terceiro lugar, a difusão européia do Romantismo tomou como românticas as formas pré-românticas da Inglaterra e da Alemanha, privilegiando, portanto, apenas o sentimentalismo em detrimento da complicada reflexão do Romantismo de Jena. Por isso, mundialmente, o Romantismo é uma extensão do Pré-Romantismo. Assim, na França, destacam-se
Stendhal, Hugo e Musset; na Itália Leopardi e Manzoni; em Portugal Garrett e Herculano; na Espanha Espronceda e Zorilla.
Tendo o liberalismo como referência ideológica, o Romantismo renega as formas rígidas da literatura, como versos de métrica exata. O romance se torna o gênero narrativo preferencial, em oposição à epopéia. É a superação da
Retórica, tão valorizada pelos clássicos.
Os aspectos fundamentais da temática romântica são o historicismo e o individualismo. O historicismo está representado nas obras de
Walter Scott (Inglaterra), Vitor Hugo (França), Almeida Garrett (Portugal), José de Alencar (Brasil), entre tantos outros. São resgates históricos apaixonados e saudosos ou observações sobre o momento histórico que atravessava-se àquela altura, como no caso de Balzac ou Stendhal (ambos franceses).
A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo, vazado de melancolia e pessimismo (
Mal-do-Século). Pelo apego ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de Ultra-Românticos. Esses escritores como Byron, Alfred de Musset e Álvares de Azevedo beberam do Sturm und Drang alemão, perpetuando as fontes sentimentais.
O romantismo é um movimento que vai contra o avanço da modernidade em termos da intensa racionalização e mecanização. É uma crítica à perda das perspectivas que fogem àquelas correlacionadas à razão.

Romantismo nas Belas Artes

Segundo Giulio Carlo Argan na sua obra Arte moderna, o Romantismo e o Neoclassicismo são simplesmente duas faces de uma mesma moeda. Enquanto o neoclássico busca um ideal sublime, objetivando o mundo, o romântico faz o mesmo, embora tenda a subjetivar o mundo exterior. Os dois movimentos estão interligados, portanto, pela idealização da realidade (mesmo que com resultados diversos).
As primeiras manifestações românticas na
pintura ocorreram quando Francisco Goya passa a pintar depois de começar a perder a audição. Um quadro de temática neoclássica como Saturno devorando seus filhos, por exemplo, apresenta uma série de emoções para o espectador que o fazem se sentir inseguro e angustiado. Goya cria um jogo de luz-e-sombra, linhas de composição diagonais e pinceladas "grosseiras" de forma a acentuar a situação dramática representada.
Apesar de Goya ter sido um acadêmico, o Romantismo somente chegaria à Academia mais tarde.
O francês
Eugène Delacroix é considerado um pintor romântico por excelência. Sua tela A Liberdade guiando o povo reúne o vigor e o ideal românticos em uma obra que estrutura-se em um turbilhão de formas. O tema são os revolucionários de 1830 guiados pelo espírito da Liberdade (retratados aqui por uma mulher carregando a bandeira da França). O artista coloca-se metaforicamente como um revolucionário ao se retratar em um personagem da turba, apesar de olhar com uma certa reserva para os acontecimentos (refletindo a influência burguesa no romantismo). Esta é provavelmente a obra romântica mais conhecida.
A busca pelo exótico, pelo inóspito e pelo selvagem formaria outra característica fundamental do Romantismo. Exaltavam-se as sensações extremas, os paraísos artificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto. Lançar-se em "aventuras" ao embarcar em navios com destino aos pólos, por exemplo, tornou-se uma forma de inspiração para alguns artistas. O pintor inglês
William Turner refletiu este espírito em obras como Mar em tempestade onde o retrato de um fenômeno da Natureza é usado como forma de atingir os sentimentos supracitados.

Origens

O Romantismo surgiu na Europa numa época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam os sistemas de governo despótico e surgia o liberalismo político (não confundir com o liberalismo econômico do Século XX). No campo social imperava o inconformismo e no campo artístico o repúdio às regras. A Revolução Francesa é o clímax desse século de oposição. No Brasil, o romantismo coincidiu com a independência política em 1822 com o 2º Reinado, a guerra do Paraguai e a campanha abolicionista.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico antes de seu surgimento de fato, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta classificação encaixam-se
Francisco Goya e Bocage.
Romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a
Alemanha (tendo o movimento, inclusive, fundamental importância na unificação germânica) com o movimento Sturm und Drang e na Inglaterra.
O Romantismo viria a se manifestar de formas bastante variadas nas diferentes
artes e marcaria, sobretudo, a literatura e a música (embora ele só venha a se manifestar realmente aqui mais tarde do que em outras artes). À medida que a escola foi sendo explorada, foram surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destes críticos surgiu o movimento que daria forma ao Realismo.
Neste sentido, as características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o
subjetivismo e o sonho de um lado e o exagero e a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, a idealização do mundo e da mulher, assim como a fuga da realidade e o escapismo. Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto pelo lúgubre.

Características da linguagem romântica

Subjetivismo
O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na primeira pessoa.
Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra. O eu é o foco principal do subjetivismo, o eu é egoísta, forma de expressar seus sentimentos.


Idealização
Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suas características. Dessa forma, a mulher é uma virgem frágil, o índio é um herói nacional, e a pátria sempre perfeita. Essa característica é marcada por descrições minuciosas e muitos adjetivos.

Sentimentalismo
Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a desilusão.E que expressa seu sentimento suas emoções e todo o relato sobre uma vida. O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos.E acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo.

Egocentrismo
Como o nome já diz, é a colocação do seu ego no centro de tudo. Vários artistas românticos colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os no texto. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.
Natureza interagindo com o eu lirico
A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momento narrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas de passagens, à tempestades, ou dias de muito sol.


Grotesco e Sublime
Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo que visa a idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como exemplo, temos o conto de A Bela e a Fera, no qual uma jovem idealizada, se apaixona por uma criatura horrenda.

Medievalismo
Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de seu próprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar as culturas de seu país. Esses poemas se passam em eras medievais e retratavam grandes guerras e batalhas.

Indianismo
É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone que retrata a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), no qual retrata que a sociedade que corrompe o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade européia.
Tranformar o homem em um herói.


Byronismo
Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltado para vícios, bebida, fumo e sexo, podendo estar representado no personagem, ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela angústia.

Introdução ao Romantismo

O Romantismo foi um movimento artístico e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão do mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade pela emoção e pelo eu. O termo romântico refere-se, assim, ao movimento estético ou, num sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.